As vidas impossíveis de Greta Wells, de Andrew Sean Greer - Editora Jangada

As vidas impossíveis de Greta Wells, de Andrew Sean Greer - Editora Jangada
As vidas impossíveis de Greta Wells
Autor: Andrew Sean Greer
Editora Jangada
Ano: 2016
Número de páginas: 256
Livro recebido em parceria com a editora.


Desde a infância ouço/leio histórias e assisto à filmes/séries que tratam da questão das viagens no tempo. As vidas impossíveis de Greta Wells, do escritor norte-americano Andrew Sean Greer, publicado no Brasil pela Editora Jangada,  é uma obra que trata de viagens no tempo, mas de uma maneira um pouco diferente do que se costuma ver. Aqui não temos máquinas do tempo ou outro tipo qualquer de geringonça que nos leve ao passado ou ao futuro. Se você está pensando nos portais ou nas dobras no espaço-tempo, esqueça. Tampouco temos alguém que descobre uma forma de transportar o seu corpo através do tempo, pois aqui o que viaja é apenas a consciência de Greta Wells, enquanto o seu corpo permanece onde está. 

O ano é 1985. Greta, uma mulher de 31 anos, que passa por duas grandes perdas (a morte do irmão gêmeo, Felix, e a traição do seu companheiro, Nathan, que culmina com a separação do casal) entra em um estado de profunda depressão. Por recomendação do seu terapeuta, Greta procura auxílio do Dr. Cerletti, que aplica um tratamento à base de eletroconvulsivante, ou seja, convulsões induzidas por meio de eletrochoques. É então que algo muito estranho acontece: Greta acorda em 1918. Ela é a mesma mulher, convivendo basicamente com as mesmas pessoas, mas em um outro tempo, em circunstâncias diferentes. Logo ela descobre que há uma outra Greta em 1918, que também faz o tratamento com o Dr. Cerletti, o que faz com elas troquem de lugar no tempo. Mas não é só isso. Após a sessão seguinte de eletrochoques, Greta vai direto de 1918 para 1941, e descobre que há mais um tempo para ela e todos que conhece. São três tempos diferentes, 1985, 1918 e 1941, com três Gretas diferentes, que vão trocando de lugar a cada sessão com o Dr. Cerletti, e nessas trocas, a nossa protagonista terá que viver perdas que não são dela, alegrias que não são dela, correndo o risco de interferir, de alguma forma, nas vidas das outras Gretas e elas na sua. 

As vidas impossíveis de Greta Wells, de Andrew Sean Greer - Editora JangadaUma das primeiras dúvidas que me ocorreram durante a leitura é se Greta voltaria para 1985, para a sua vida, ou se escolheria ficar em uma das outras duas realidades, e de que forma essa experiência de troca de consciência poderia interferir em sua vida. Greta foi uma personagem que me comoveu bastante, não só por suas perdas e por suas dores, mas pela forma de conduzir e equacionar os seus problemas, sobretudo por sua dedicação aos entes amados. Outra personagem que achei muito interessante é Ruth, tia de Greta, a única que se dá conta do que está acontecendo e, portanto, a única pessoa com quem Greta pode conversar a respeito. Ruth é uma personagem sui generis, com atitudes, por vezes, bem atípicas, que adora tomar champanhe em xícaras. A história é narrada em primeira pessoa, pela Greta de 1985, o que faz com que criemos um vínculo com ela, e saibamos pouco sobre as outras duas Gretas. Se pudesse definir a obra em uma palavra, eu diria que ela é instigante, pois logo nos vemos envolvidos na narrativa, querendo saber mais sobre o que acontecerá em cada época visitada pela protagonista. Acredito que a principal reflexão em As vidas impossíveis de Greta Wells seria sobre a identidade, sobre quem somos de fato e sobre o que há de verdadeiro no que os outros enxergam em nós e no que nós enxergamos nos outros. Nas palavras de Greta Wells, quem somos nós quando não somos nós mesmos? Recomendo a leitura!

As vidas impossíveis de Greta Wells, de Andrew Sean Greer - Editora Jangada

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