A primeira vez que li o título do livro da Nobel de Literatura Toni Morrison, Voltar para casa, a imagem que veio à minha mente foi a de Ulisses retornando ao lar após vinte anos. Não que eu esperasse alguma relação entre as duas obras, mas é muito difícil pensar em retorno ao lar sem lembrar do herói de Odisseia. Agora, após a leitura concluída, volto a pensar em Ulisses, o herói que, após uma guerra de dez anos, precisou vagar por outros dez até que pudesse voltar ao lar, para os braços de sua Penélope. Em Voltar para casa, temos, em vez de Ulisses, Frank Money, que retorna da Guerra da Coreia com sérios problemas de neurose pós-guerra.
Frank e a irmã Ci criaram-se na casa do avô paterno e de sua esposa, com quem ficavam enquanto os pais trabalhavam. Tratados com desprezo pela esposa do avô, os dois tornaram-se muito unidos. Até que o destino os separou. Frank foi para a guerra e Ci casou-se com um homem que a abandonaria logo em seguida, deixando-a entregue à própria sorte. Ambos tiveram que superar e suportar inúmeros sofrimentos, Frank viu de perto as atrocidades da guerra, Ci foi trabalhar com um médico que acabou por usá-la para algum tipo de experiência que a levou à beira da morte, além de deixá-la estéril. Eis a odisseia do nosso personagem: vítima de traumas pós-guerra, que o levam a ter pesadelos terríveis e a buscar esquecer tudo isso fazendo uso do álcool, ele terá de percorrer um longo caminho até a irmã, que se encontra entre a vida e a morte, para então resgatá-la e voltar com ela para a cidade onde cresceram.
Nesse trajeto Frank encontra muitas pessoas que o ajudam, mas também encontra quem o faça mal, quem roube seu dinheiro e quem o machuque. Mas o mais importante é que, enquanto o acompanhamos em sua viagem, vamos descobrindo, aos poucos, um pouco mais sobre os fantasmas que o assombram e, certamente, em um dado momento do livro, nos surpreendemos bastante com Frank. Após voltarem para casa, Frank e Ci precisarão encontrar uma forma de atribuir um novo sentido a tudo o que viveram. Ela tenta unir os próprios pedaços, de forma simbólica, costurando uma colcha de retalhos; ele usa a colcha feita pela irmã faz para concluir algo que, anos antes, havia deixado para trás.
Voltar para casa foi o primeiro livro de Morrison que li e, claro, por se tratar de uma Nobel da Literatura, as expectativas em relação à autora eram muitas. Devo dizer que tais expectativas foram todas superadas. Trata-se de mais uma preciosidade no catálogo da Companhia das Letras. Um livro profundo, intenso, que continua a nos acompanhar quando a leitura acaba. Não é uma obra de ação, portanto, não recomendo àqueles que apreciam leituras eletrizantes, daquelas de tirar o fôlego. Mas recomendo, e muito, às almas sensíveis, que se encantam com leituras que humanizam, que nos fazem refletir sobre os dramas humanos e sobre a capacidade que temos de transcender a nossa própria pequenez. Para esses, certamente, esta será uma obra inesquecível.
Nesse trajeto Frank encontra muitas pessoas que o ajudam, mas também encontra quem o faça mal, quem roube seu dinheiro e quem o machuque. Mas o mais importante é que, enquanto o acompanhamos em sua viagem, vamos descobrindo, aos poucos, um pouco mais sobre os fantasmas que o assombram e, certamente, em um dado momento do livro, nos surpreendemos bastante com Frank. Após voltarem para casa, Frank e Ci precisarão encontrar uma forma de atribuir um novo sentido a tudo o que viveram. Ela tenta unir os próprios pedaços, de forma simbólica, costurando uma colcha de retalhos; ele usa a colcha feita pela irmã faz para concluir algo que, anos antes, havia deixado para trás.
Voltar para casa foi o primeiro livro de Morrison que li e, claro, por se tratar de uma Nobel da Literatura, as expectativas em relação à autora eram muitas. Devo dizer que tais expectativas foram todas superadas. Trata-se de mais uma preciosidade no catálogo da Companhia das Letras. Um livro profundo, intenso, que continua a nos acompanhar quando a leitura acaba. Não é uma obra de ação, portanto, não recomendo àqueles que apreciam leituras eletrizantes, daquelas de tirar o fôlego. Mas recomendo, e muito, às almas sensíveis, que se encantam com leituras que humanizam, que nos fazem refletir sobre os dramas humanos e sobre a capacidade que temos de transcender a nossa própria pequenez. Para esses, certamente, esta será uma obra inesquecível.
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