Os melhores contos fantásticos, seleção organizada por Flávio Moreira da Costa - Editora Nova Fronteira


Uma das melhores seleções de contos que li nos últimos anos, talvez em toda a minha vida, Os Melhores contos fantásticos, organizado por Flávio Moreira da Costa e publicado pela Editora Nova Fronteira, constitui-se em 703 páginas de puro deleite, para quem, como eu, encanta-se por narrativas fantásticas. O livro está dividido em quatro partes. A primeira é denominada Da Antiguidade ao Puritanismo, e traz cinco textos, sendo o primeiro deles, O Apocalipse, da Bíblia. O conto do qual mais gostei nessa primeira parte foi O jovem Goodman Brown, de Nathaniel Hawthorne, autor que se tornou bastante conhecido com o livro, que virou filme, A letra escarlate. A história narrada no conto se passa na Nova Inglaterra do século XVII, e tem como pano de fundo a perseguição às bruxas, em Salem, constituindo-se em uma crítica à hipocrisia da sociedade puritana.

A segunda parte do livro intitula-se O Apogeu do Século XIX, e traz autores de primeira grandeza, como: Robert Louis Stevenson, Mary Shelley, Guy de Maupassant, Edgar Allan Poe, Anton Tchekhov, Charles Dickens, Honoré de Balzac, Hans Christian Andersen, entre outros. Os contos são belíssimos e, devo dizer, que é muito difícil escolher um somente. Mas creio que dá para destacar um deles: William Wilson, de Edgar Allan Poe, cujo tema é o duplo. William Wilson narra a história de um menino que se depara com um colega de escola com o nome igual ao seu. O problema é que as semelhanças não são somente estas, pois eles eram iguais em tudo, exceto na voz. A partir dessas semelhanças, o leitor fará descobertas de arrepiar sobre o protagonista.

Atravessando o Século XX é o título da terceira parte do livro, e conta com autores como: Horacio Quiroga, Franz Kafka, Anatole France, Oscar Wilde, Jorge Luis Borges, Julio Cortázar e outros do mesmo nível. Temo tornar-me repetitiva, mas não foi fácil eleger um conto dentre tantas maravilhas. Destacarei, nesta parte da obra, o conto de Horacio Quiroga, chamado A insolação, não porque os demais contos do livro não mereçam destaque, mas porque este tem a peculiaridade de ser narrado sob o ponto de vista dos cachorros, que são capazes de pressentir a chegada de alguém que... melhor ler para descobrir, mas é de gelar a alma!

A quarta e última parte do livro, considero muito especial,  pois se constitui de contos escritos por autores brasileiros e portugueses, e se chama O Fantástico em Bom Português. Os autores apresentados aqui não perdem em nada para os estrangeiros presentes nas três primeiras partes do livro. São eles: Manuel Bernardes, Machado de Assis, Aluísio Azevedo, Afonso Arinos, Eça de Queiroz, Raul Brandão, João Guimarães Rosa, Murilo Rubião e Duílio Gomes. Meu destaque aqui vai para o conto Um Moço Muito Branco, de Guimarães Rosa. A história nos conta que, após estranhos acontecimentos, surge na cidade um homem muito branco, maltrapilho, que não falava nem ouvia, e havia perdido a memória, mas que tinha o dom de revelar o que as pessoas trazem em si e de transformá-las. Mais não direi, pois o conto é curto e um comentário inocente pode virar um desagradável spoiler. Mas recomendo a leitura deste e de todos os outros contos desta magnífica seleção chamada Os Melhores Contos Fantásticos, sabiamente organizada por Flávio Moreira da Costa.


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