Pai Goriot, de Balzac: uma crítica social - Editora Martin Claret

Em Pai Goriot, Balzac faz uma crítica social, mais especificamente à aristocracia francesa e toda a sua crueldade e cinismo. O romance conta a história de um jovem, estudante de direito que deixa seu local de origem para estudar em Paris. É um rapaz de poucas posses que mora em uma pensão burguesa decadente. Neste lugar conhece o velho solitário, conhecido por pai Goriot. O jovem, que é chamado de Eugène de Rastignac, é extremamente ambicioso e sonha relacionar-se com a aristocracia. Para isto, procura a ajuda de uma prima, a senhora de Beauséant, que o introduz nas altas rodas francesas. Porém, o jovem percebe que não possui roupas à altura das pessoas que frequentam este meio. Resolve, então, pedir ajuda à mãe, à irmã e a uma tia, que não vacilam em mandar-lhe todas as suas economias. Eugène compra roupas novas e investe em seus novos projetos. 

Conhece as filhas de pai Goriot, Delphine e Anastasie e fica sabendo da exploração que o velho sofre por parte das moças, que foram aos poucos consumindo tudo o que o pobre homem possuía, até deixá-lo na mais completa penúria. O senhor Goriot é extremamente dedicado às filhas e seu amor fora do comum faz com que não perceba os fatos como são na realidade, acreditando, ou forçando-se a acreditar, que as filhas o amam do mesmo modo que ele as ama. 
Rastignac acabou por envolver-se com Delphine e, por essa razão, aproximou-se mais de pai Goriot. Aos poucos, porém, o jovem foi tomando cada vez mais consciência da forma desumana com que as filhas tratavam o pai e apiedou-se do velho a ponto de criar-se um envolvimento afetivo entre ambos. Quando as filhas já não tinham mais o que tirar do pai, o velho adoece e é socorrido por Rastignac e por seu amigo, estudante de medicina. 

Mas 
Rastignac também possui as suas ambições. E ao constatar tal fato, o personagemVautrin tenta persuadi-lo a participar de um crime para tirar vantagens financeiras, casando-se com a filha do homem assassinado. Rastignac rejeita a proposta, pois, embora ambicioso, isso não está de acordo com seus princípios. Vautrin tenta convencê-lo utilizando-se da história do mandarim. Pergunta ao jovem se ele tivesse a oportunidade de tirar algum proveito com a morte de um mandarim detestável que só faz mal às pessoas se não o faria. Rastignac repudia tal ideia.

Como não podia deixar de ser, em se tratando de uma obra realista, Balzac nos apresenta uma crítica crua da sociedade, através de relações entre pessoas interesseiras, capazes de elaborar tramas de todo tipo. Mostra-nos a exploração de um pobre velho, pelas próprias filhas, que sequer sentem remorsos pelo que fazem ao pai. O final é triste, mas nos faz refletir profundamente sobre a natureza humana. Este não está entre os livros de que mais gostei, no entanto, posso dizer que é um livro muito bom. Recomendo a obra àqueles que apreciam uma leitura crítica e reflexiva.



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