Nem sempre o ofício da escrita, sendo exercido por mulheres, foi algo visto com bons olhos. Muitas delas precisavam utilizar-se de um pseudônimo para poderem viver plenamente o prazer de escrever. No mundo atual, vivemos uma realidade muito diferente. Em uma sociedade que se pretende justa e igualitária, as mulheres conquistam, merecidamente, diga-se de passagem, cada vez mais o seu lugarzinho ao sol. Com relação ao mercado editorial não poderia ser diferente, as mulheres estão cada vez marcando mais presença, não apenas em quantidade de obras publicadas, mas na qualidade das publicações, o que é mais importante, sem nenhuma dúvida.
Quando pensei em fazer a escolha de alguns livros, bem ao estilo top 5, já sabia a dificuldade que seria elencar algumas obras e deixar outras de lado. Deixo claro, no entanto, que a escolha destes títulos não desmerece os outros tantos que ficaram de fora. Abaixo, apresento a lista que fiz, de cinco livros imperdíveis, escritos por mulheres, com as respectivas sinopses (retiradas do Skoob). Aproveito para lembrá-los de que essas autoras possuem outros livros publicados, igualmente bons (excelentes, na verdade!). Os critérios de escolha foram baseados nas minhas impressões de leitura, são subjetivos, portanto. Espero que apreciem (sem moderação)!
Americanah, de Chimanda Ngozi Adichie
Lagos, anos 1990. Enquanto Ifemelu e Obinze vivem o idílio do primeiro amor, a Nigéria enfrenta tempos sombrios sob um governo militar. Em busca de alternativas às universidades nacionais, paralisadas por sucessivas greves, a jovem Ifemelu muda-se para os Estados Unidos. Ao mesmo tempo que se destaca no meio acadêmico, ela se depara pela primeira vez com a questão racial e com as agruras da vida de imigrante, mulher e negra. Quinze anos mais tarde, Ifemelu é uma blogueira aclamada nos Estados Unidos, mas o tempo e o sucesso não atenuaram o apego à sua terra natal, tampouco anularam sua ligação com Obinze. Quando ela volta para a Nigéria, terá de encontrar seu lugar num país muito diferente do que deixou e na vida de seu companheiro de adolescência. Chimamanda Ngozi Adichie parte de uma história de amor para debater questões prementes e universais como imigração, preconceito racial e desigualdade de gênero.
Aguapés, de Jhumpa Lahiri (resenha AQUI)
Neste novo país enorme, parecia não haver lugar para o país anterior. Não havia nenhuma ligação entre os dois; a única ligação era ele. Aqui a vida deixava de tolhê-lo ou de atacá-lo. Aqui a humanidade não estava sempre empurrando, forçando, correndo como que perseguida por um fogaréu. Dificilmente outras palavras narrariam tão bem a sensação de estar em outro país, o choque cultural, a memória longe, em casa. E o que é uma casa afinal? É onde está o coração? Essas e outras questões são postas a exame no novo romance de Jhumpa Lahiri, Aguapés, finalista do Man Booker Prizer e do National Book Award de 2013.
Lahiri amplia o terreno de sua ficção nesta história que se passa tanto na Índia como nos Estados Unidos, com os ingredientes das tradições ocidental e oriental: a jornada de dois irmãos rumo ao desconhecido, ao risco, os conflitos de uma mulher ainda presa ao passado e o aspecto político de um país no caos de uma revolução.
Pelas aventuras e escolhas de Subhash e Udayan Mitra, um nos Estados Unidos e outro na Índia, acompanhamos o quanto a perspectiva pessoal e subjetiva desses dois irmãos ecoa em uma base histórica, da fundação da Índia como um todo e de sua relação com os ingleses e com a língua inglesa, em que as geografias são reatualizadas a cada instante.
Exílio, retorno e destino, temas fundadores da literatura clássica, passam por reavaliação em Aguapés, em um processo de descobertas pessoais e paixões de seus personagens e da própria narrativa, que nos conta tudo com uma voz suave e comovente.
Antes do Baile Verde, de Lygia Fagundes Telles
Reunião de narrativas escritas entre 1949 e 1969, Antes do baile verde é considerado por muitos críticos o livro de contos literariamente mais bem-sucedido de Lygia Fagundes Telles.
As situações narradas são as mais diversas. Em "A caçada", um homem fica a tal ponto intrigado com uma velha tapeçaria encontrada num antiquário que acaba por mergulhar na cena retratada na peça, como se tivesse participado dela numa outra vida ou numa outra dimensão. Já no macabro "Venha ver o Pôr-do-Sol", um rapaz leva sua ex-namorada a um jazigo de família abandonado. Conflitos amorosos também são tema de "Apenas um Saxofone", "Um Chá bem Forte e Três Xícaras", "O Jardim Selvagem" e "As Pérolas". Mas o enfoque é sempre diverso e surpreendente. Em "O Menino", por exemplo, uma infidelidade conjugal é observada de modo oblíquo, pelos olhos de um garoto que vai ao cinema com a mãe.
Mas o escopo humano e literário de Lygia não se restringe aos dramas de casais. "Natal na Barca" é uma pequena parábola, com final epifânico. "Meia-noite em Ponto em Xangai" é o balanço que uma prima-dona da ópera faz de sua vida solitária e vazia. Em "O moço do Saxofone" um motorista de caminhão hesita em ir para a cama com uma mulher casada numa pensão de beira de estrada. Em "A Janela", um louco visita um bordel dizendo que é a casa onde seu filho morreu.
Com sua prosa segura e elegante, alternando com desenvoltura gêneros e vozes narrativas, a autora expõe aqui no mais alto grau sua capacidade de seduzir e emocionar o leitor.
Lendo Lolita em Teerã, de Azar Nafisi
A autora iraniana Azar Nafisi nos conduz à intimidade da vida de oito mulheres que precisam encontrar-se secretamente para explorar a literatura ocidental proibida em seu país. Durante dois anos, antes de deixar o Irã, em 1997, Nafisi e mais sete jovens liam em conjunto Orgulho e Preconceito, Madame Bovary, Lolita e outras obras clássicas sob censura literária. A narrativa de Nafisi remonta aos primeiros dias da revolução islâmica liderada pelo aiatolá Khomeini (1979), quando a autora começou a lecionar na Universidade de Teerã, em meio a um turbilhão de protestos e manifestações. Obra de grande paixão e beleza poética que nos ajuda a entender os sangrentos conflitos do Irã com o vizinho Iraque, e a tirania do regime islâmico.
Ao Farol, de Virginia Woolf
Sra. Ramsay, uma mulher madura, bela, maternal e serena; sr. Ramsay, um renomado e árido filósofo; os filhos e criados do casal; Lily Briscoe, amiga da família e aspirante a pintora. Todos estão passando o verão na Ilha de Skye, na Escócia, cercados por outros amigos e conhecidos. James Ramsay, de seis anos, anseia por um prometido passeio ao farol da ilha, enquanto recorta figuras de um catálogo na companhia da mãe.
Com essa cena de abertura, em si trivial, Virginia Woolf construiu um dos mais influentes romances do século XX, segundo críticos e leitores. Publicado em 1927, quando Woolf era já uma crítica respeitada e autora de alguns livros (entre os quais Mrs. Dalloway, de 1925 o primeiro da sua tríade experimental, que seria completada com As ondas, em 1931), Ao farol é um romance rico, multifacetado, cujos vários e combinados aspectos compõem a marca da grande obra-prima. Por um lado, representa ricamente seu tempo, revelando a vida de uma família inglesa abastada, a ameaça soturna da guerra, a tensão subjacente às relações familiares e os conflitos entre homens e mulheres; por outro lado, constitui-se numa delicada e pungente filigrana ficcional, sobre a inevitabilidade da passagem do tempo e da morte; propõe uma jornada ao interior da consciência dos personagens, num novo estilo narrativo; e, por último, como é próprio das grandes realizações artísticas, reflete sobre a própria natureza da arte.
Quando pensei em fazer a escolha de alguns livros, bem ao estilo top 5, já sabia a dificuldade que seria elencar algumas obras e deixar outras de lado. Deixo claro, no entanto, que a escolha destes títulos não desmerece os outros tantos que ficaram de fora. Abaixo, apresento a lista que fiz, de cinco livros imperdíveis, escritos por mulheres, com as respectivas sinopses (retiradas do Skoob). Aproveito para lembrá-los de que essas autoras possuem outros livros publicados, igualmente bons (excelentes, na verdade!). Os critérios de escolha foram baseados nas minhas impressões de leitura, são subjetivos, portanto. Espero que apreciem (sem moderação)!
Americanah, de Chimanda Ngozi Adichie

Aguapés, de Jhumpa Lahiri (resenha AQUI)

Lahiri amplia o terreno de sua ficção nesta história que se passa tanto na Índia como nos Estados Unidos, com os ingredientes das tradições ocidental e oriental: a jornada de dois irmãos rumo ao desconhecido, ao risco, os conflitos de uma mulher ainda presa ao passado e o aspecto político de um país no caos de uma revolução.
Pelas aventuras e escolhas de Subhash e Udayan Mitra, um nos Estados Unidos e outro na Índia, acompanhamos o quanto a perspectiva pessoal e subjetiva desses dois irmãos ecoa em uma base histórica, da fundação da Índia como um todo e de sua relação com os ingleses e com a língua inglesa, em que as geografias são reatualizadas a cada instante.
Exílio, retorno e destino, temas fundadores da literatura clássica, passam por reavaliação em Aguapés, em um processo de descobertas pessoais e paixões de seus personagens e da própria narrativa, que nos conta tudo com uma voz suave e comovente.
Antes do Baile Verde, de Lygia Fagundes Telles

As situações narradas são as mais diversas. Em "A caçada", um homem fica a tal ponto intrigado com uma velha tapeçaria encontrada num antiquário que acaba por mergulhar na cena retratada na peça, como se tivesse participado dela numa outra vida ou numa outra dimensão. Já no macabro "Venha ver o Pôr-do-Sol", um rapaz leva sua ex-namorada a um jazigo de família abandonado. Conflitos amorosos também são tema de "Apenas um Saxofone", "Um Chá bem Forte e Três Xícaras", "O Jardim Selvagem" e "As Pérolas". Mas o enfoque é sempre diverso e surpreendente. Em "O Menino", por exemplo, uma infidelidade conjugal é observada de modo oblíquo, pelos olhos de um garoto que vai ao cinema com a mãe.
Mas o escopo humano e literário de Lygia não se restringe aos dramas de casais. "Natal na Barca" é uma pequena parábola, com final epifânico. "Meia-noite em Ponto em Xangai" é o balanço que uma prima-dona da ópera faz de sua vida solitária e vazia. Em "O moço do Saxofone" um motorista de caminhão hesita em ir para a cama com uma mulher casada numa pensão de beira de estrada. Em "A Janela", um louco visita um bordel dizendo que é a casa onde seu filho morreu.
Com sua prosa segura e elegante, alternando com desenvoltura gêneros e vozes narrativas, a autora expõe aqui no mais alto grau sua capacidade de seduzir e emocionar o leitor.
Lendo Lolita em Teerã, de Azar Nafisi

Ao Farol, de Virginia Woolf

Com essa cena de abertura, em si trivial, Virginia Woolf construiu um dos mais influentes romances do século XX, segundo críticos e leitores. Publicado em 1927, quando Woolf era já uma crítica respeitada e autora de alguns livros (entre os quais Mrs. Dalloway, de 1925 o primeiro da sua tríade experimental, que seria completada com As ondas, em 1931), Ao farol é um romance rico, multifacetado, cujos vários e combinados aspectos compõem a marca da grande obra-prima. Por um lado, representa ricamente seu tempo, revelando a vida de uma família inglesa abastada, a ameaça soturna da guerra, a tensão subjacente às relações familiares e os conflitos entre homens e mulheres; por outro lado, constitui-se numa delicada e pungente filigrana ficcional, sobre a inevitabilidade da passagem do tempo e da morte; propõe uma jornada ao interior da consciência dos personagens, num novo estilo narrativo; e, por último, como é próprio das grandes realizações artísticas, reflete sobre a própria natureza da arte.
Tenho uma vontade grande de ler Americanah, eu sei que o livro é muito bom, li ótimas críticas dele.
ResponderExcluirAo Farol é uma bela obra ♥ Sou suspeita em falar.
Beijinhos, Helana ♥
In The Sky, Blog / Facebook In The Sky
Recomendo a leitura de Americanah. Eu li e amei! Obrigada pelo comentário!
ExcluirMe senti uma diferentona agora. Nunca li e pra falar a verdade não conhecia nenhuma das obras. Fico grata por ter tido a oportunidade de ter sido apresentada. Vou procurar conhecer mais a fundo e com certeza pegarei pelo menos uma para ler. Um grande abraço! http:// www.lostgirlygirl.com
ResponderExcluirFico muito feliz que você tenha se interessado, Nádya. Leia e depois me conte o que achou. ;)
ExcluirObrigada pelo comentário!
Boa noite Mademoiselle. Adorei essa page. Sou uma apaixonada pelas escritoras,talvez por eu gostar de uma escrita mais Delicada,única é a palavra certa. Eu li Ao Farol e adorei. Antes do Baile verde também, eu achei incrível. Isso me fez lembrar de um livro que achei recentemente nas coisas de minha vó enquanto eu ajudava à arrumar as coisas. E olhe que interessante, é de uma escritora Francesa, que também teve que utilizar um pseudônimo de "Henri Ardel" onde seu nome era Berthe Palmyre Victorine Marie Abraham. Nossa,bem grande. Mas seus livros são de uma classe e uma delicadeza muito grande. Eu indico as obras dela também. 🌹
ResponderExcluirObrigada pela indicação, Julie! Anotadíssima! Que surpresa boa encontrar um livro assim, em meio aos pertences da avó. Obrigada pelo comentário!
ExcluirBoa noite Mademoiselle. Adorei essa page. Sou uma apaixonada pelas escritoras,talvez por eu gostar de uma escrita mais Delicada,única é a palavra certa. Eu li Ao Farol e adorei. Antes do Baile verde também, eu achei incrível. Isso me fez lembrar de um livro que achei recentemente nas coisas de minha vó enquanto eu ajudava à arrumar as coisas. E olhe que interessante, é de uma escritora Francesa, que também teve que utilizar um pseudônimo de "Henri Ardel" onde seu nome era Berthe Palmyre Victorine Marie Abraham. Nossa,bem grande. Mas seus livros são de uma classe e uma delicadeza muito grande. Eu indico as obras dela também. 🌹
ResponderExcluirAh, eu tenho esse título de Woolf e o de Lygia. Pretendo ler ambos ainda esse ano... Quero ler algo da primeira autora e esse lendo lolita em Teerã eu já tinha ouvido falar, nas não tive chance de ler ainda... Curti bastante o segundo livro, não conhecia a autora...
ResponderExcluirEspero que você consiga fazer essas leituras neste ano mesmo, Maria Valéria. Elas valem muito a pena. Obrigada pelo comentário!
ExcluirRealmente selecionou grandes nomes, quando vi o título do post achei que viriam o mais do mesmo que tenho visto hoje e foi uma grata surpresa encontrar nomes tão diferentes e tão importantes. Obrigada.
ResponderExcluirRaíssa Nantes
Fico feliz que você tenha gostado, Raíssa. Obrigada pelo comentário!
ExcluirOlá!
ResponderExcluirAdorei suas escolhas!
Desses já li Ao farol e Lendo Lolita no Teerã.
Estou doida pra ler Americanah. Já li outros da autora e gostei demais.
bjs
Fernanda
http://pacoteliterario.blogspot.com.br/
Eu já li Ibisco Roxo, da Chimamanda, mas pretendo ler outros também. Obrigada pelo comentário!
ExcluirOi Tatiana, não conheço nenhum destes livro, mas vou anotar suas recomendações e dar uma olhada para uma leitura futura.
ResponderExcluirObrigada pelas dicas.
Bjs, Rose.
Faça isso, Rose, são ótimos livros, você vai gostar. Obrigada pelo comentário!
ExcluirOlá, ótimas dicas de leitura, já anotei todas!
ResponderExcluirQuero muito ler os livros da Chimanda Ngozi Adichie, sempre ouço ótimas críticas.
Beijokas da Quel ¬¬
Literaleitura
Ela é fantástica, Quel! Obrigada pelo comentário!
ExcluirOie, confesso que nçao tinha conhecimento de nenhum das obras, e por isso acabei ficando curiosa com alguns e tnho certeza que valerá a pena lê-los.
ResponderExcluirBeijos da Fê
As Catarina´s / Fanpage / Instagram
Certamente valerá, Fê, são ótimos livros. Obrigada pelo comentário!
ExcluirMuito bom e informativo o post, eu não conhecia nenhum desses livros! :)
ResponderExcluirMago e Vidro
| Sorteio DamnedGirls | NOVE livros pra você!
Obrigada, Tisa!
ExcluirGente do céu!
ResponderExcluirNão li nenhum dos livros citados.
A única que já li foi Virginia Woolf, mas foi conto.
Lisossomos
São livros excelentes, Déborah, acho que você gostaria muito se os lesse. Obrigada pelo comentário!
ExcluirOlá, ainda não li nenhum dos livros selecionados, mas vou anotar as dicas e lerei todos quando puder, acho que vou começar por Americanah, que eu já quero ler faz um tempo.
ResponderExcluirVocê vai curtir muito a leitura de Americanah, é maravilhoso. Obrigada pelo comentário!
ExcluirOi Tati.
ResponderExcluirNunca li nada de nenhuma dessas autoras! Mas sempre tive vontade de ler Virginia Woolf, as histórias parecem ser interessantes. ^^
Ótimo post.
Beijos
http://aventurandosenoslivros.blogspot.com.br/
Virginia escreve lindamente, você vai adorar. Obrigada pelo comentário!
ExcluirMuito legal poder conhecer essas obras. Sempre é bom conhecer novos autores. :)
ResponderExcluirwww.prateleirasemfim.com.br
Uma das melhores coisas para quem gosta de ler é conhecer novos autores. Obrigada pelo comentário!
ExcluirOi, adorei o post, entretanto nenhuma dessas obras me chamou a atenção.
ResponderExcluirhttp://mysecretworldbells.blogspot.com.br/
Obrigada, Brenna!
ExcluirAgora eu estou arrasada, rsrsrs.
ResponderExcluirNão li nenhum dos livros que vc citou.
Uma vergonha p mim.
abraços.
Vergonha nada, você deve ter lido vários que eu não li. Por isso é bom que haja essa troca, né? ;) Obrigada pelo comentário!
Excluir